sexta-feira, 15 de maio de 2009

Rolha de cortiça: amiga ou vilã do vinho.

Beber um vinho está diretamente relacionado com o ato de sacar a rolha. Corta-se a cáplusa, enfia-se o saca-rolha, puxa-se o pedaço de cortiça que esteve vendando o precioso líquido contido dentro da garrafa. Se você for um eno-metido-entendido, vai olhar e cheirar a rolha. Mas, espere, não é cortiça, parece, acho que é borracha ou plástico. Ou pior, não precisou de saca-rolhas, foi necessário só rosquear a tampa. Sim, o charme da rolha de cortiça está cada vez mais raro.
Vários são os motivos para se utilizar substitutos para a rolha de cortiça, mas o principal é o custo. As rolhas de cortiça estão mais escassas e mais caras, pois o sobreiro, árvore que produz a casca de onde é retirada cortiça, só produz na região da bacia do Mediterrâneo e abunda sobretudo na sua parte ocidental, principalmente na península ibérica. A árvore leva quase trinta anos para começar a produzir a cortiça e somente com cinquenta anos é que se tem cortiça de qualidade para se utilizar para rolhas. Assim o aumento do consumo de vinho, principalmente finos em garrafa e não em garrafão, requereu uma demanda maior de rolhas e, logo, o preço subiu. Assim esteja certo de que cada vez mais, só vinhos caros virão com rolha de cortiça.
Outro motivação é a contaminação do vinho. Estima-se (não sei qual a fonte) que 10% dos vinhos são perdidos por problemas na rolha, podendo ser contaminação por fungos presentes na rolha ou de fonte externa ou pela não correta vedação por defeito físico ou ressecamento do material.
Mais um fator é permissividade da cortiça, que por ser um material poroso permite a entrada de oxigênio na garrafa. Se por um lado é bom, pois devido a esta troca de oxigênio grandes vinhos envelhecem e melhoram muito na garrafa, pode ser inversamente péssimo para vinhos brancos e tintos comuns, pois oxidam rapidamente, perdendo suas características aromáticas e gustativas.
A dica que fica é quando abrir um vinho sempre observe a rolha, se ela foi sacada com muita facilidade, se está mole ou húmida. Também vale cheirar a rolha, pois pode indicar um vinho estragado: o cheiro de vinagre ou balsâmico- mais discreto - ou o cheiro de ovo podre - mais agressivo - são indicadores de problemas. No restaurante, quando o garçon entregar a rolha e colocar só um pouco de vinho na taça não é frescura, é uma forma de verificar a qualidade do vinho. Cheira-se a rolha na busca de algum defeito, mas mais importante é cheirar e tomar um gole do vinho, se apresentar os aromas citados acima e se na boca parecer sem corpo e muito azedo (ácido como uma limonada sem açúcar) pode ser sinal de vinho defeituoso ou estragado. E se chegar a este veridito não hesite: peça para o garçon trocar.
Assim se no próximo vinho se deparar com um corpo estranho vedando a garrafa, não se assuste, são apenas alternativas ecômicas...

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