segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vinho da Semana: Quinta da Lagoalva 2003

Os vinhos portugueses me fascinam. Muito por um misto de tradição e renovação. Tradição pelos vinhos do Porto e Madeira (aquele do molho madeira). Renovação que ocorre nas regiões do Douro, Alentejo, Bairrada. Um tanto pelos nomes engraçados das regiões e pelas suas uvas autóctones. Regiões como Ribatejo (acima do rio Tejo), Alentejo (Além do rio Tejo), Dão, Bucelas, Estremadura, Trás-os-montes, Terras do Sado arrancam um leve riso de quem lê a primeira vez. Outro tanto pela diversidade de uvas próprias, que impressionam pela quantidade, assim como seus nomes, no mínimo curiosos: Castelão, Afroucheiro, Baga, Antão Vaz, Rabo de Ovelha, Aragonês...
Uma das uvas que talvez seja o carro chefe de Portugal é a Touriga Nacional. Uva de sabores e aromas incríveis está presente a centenas de anos no corte dos vinhos do porto e nos últimos 10 anos vem chamando bastante a atenção devido sua utilização em vinhos de mesa, nesta revolução que Portugal tem empregado em seus vinhos.
As regiões de Portugal são muitas e, em geral, trazem vinhos distintos entre si. Regiões que mantém tradições centenárias como o vinho do Porto, Madeira e Moscatel de Setúbal perdem um pouco do seu brilho diante de verdadeiras pérolas criadas com a renovação de regiões como o Douro e Alentejo, que tiram ainda mais o foco de regiões que ainda precisam modernizar suas técnicas de vinificação como o Dão, Estremadura e Minho.

A Região do Ribatejo, destacada no mapa pelo número 8, apresenta um clima sub-mediterâneo temperado, bastante influenciado pela proximidade do rio Tejo. Seus vinhos brancos e tintos, são macios, aveludados e frutados e com bom corpo. Também vem aos poucos ganhando qualidade e prestígio, em especial os denominados "Vinhos de Quinta" (vinhos de produtor). E é desta região o vinho foco de hoje.
Eu não havia provado nenhum vinho desta região e posso dizer que me impressionou, não exatamente para o bem, mas impressionou. O Quinta da Lagoalva é um corte de Touriga Nacional e Castelão (nome da antiga uva Periquita) de grande potência que, apesar dos 5-6 anos de garrafa, mostrava a jovialidade de um vinho recém engarrafado. Esta característica somada a secura típica dos vinhos do velho mundo resultou em um certo desequilíbrio. Talvez mais uns 5 anos em garrafa o deixasse mais ameno.

Vinho: Quinta da Lagoalva
Casta(s): Castelão e Touriga Nacional
Safra: 2003
Produtor: Sociedade Agrícola Quinta da Lagoalva de Cima
Região: Ribatejo
País: Portugal
Valor: R$ 45,00 (Safra 2005)

terça-feira, 7 de julho de 2009

De volta ao blog, após um período de ausência. Para compensar a displicência, uma matéria sobre a mais nobre das carnes: o filet mignon. Além de ser, talvez, a melhor parte do boi, ultimamente a encontramos com certa frequência por um preço muito bom. Porém tenha em mente que é uma carne especial e, assim, requer cuidados especiais no preparo.

Primeiramente é a carne mais macia do boi adulto, pois fica sob a costela/coluna, movimentando-se pouco e recebendo menos irrigação saguinea. Também possui quase nada de gordura, seja externamente ao músculo, quanto internamente, entre as fibras musculares.
Porém estes fatos também caracterizam seus defeitos, pois o mignon em si não é tão saboroso quanto outras carnes como a picanha ou costela e tende a ficar duro e ressaco. Por este motivo o preparo do mignon exige gordura e um molho para acompanhar, sempre. Também exige que seja mantido o ponto de mal passado, sempre. Sempre.

O preparo do mignon começa com o corte da peça. Olhando a figura acima, temos no lado inferior uma parte mais larga, chamada de cabeça do mignon. Com uma faca em afiada separe a cabeça do mignon, deixando a melhor parte, chamada de coração. Também com uma faca limpe a carne removendo aquela membrana branca que a envolve. Para efetuar cortes mais precisos e obter medalhões e tournedos perfeitos, enrole o coração do mignon com várias voltas bem apertadas de papel filme e, se possível mantenha-o por duas horas na geladeira antes de passar a faca. Já com relação ao corte existem vários nomes para o tipo e espessura:

Tournedos: Corte do coração do mignon com altura de pouco mais de 3 dedos. Pesa entre 190 a 250 g.
Medalhão: Corte com um dedo de altura. Pesa mais ou menos 1/3 do peso do tournedos.
Escalope: Trabalhe o medalhão clocando-o sob um plástico grosso e, com a costas da faca amasse-o no sentido das fibras, colocando a peça para cima, "em pé".
Chateaubriand: é o "escalope" feito com a cabeça do mignon.
Picadinho: Corte usado para strogonoff ou picadinho. Utilize a última parte do coração do mignon por ser irregular demais para fazer medalhão, assim como as aparas.

Sabendo como fazer os cortes, o próximo passo é preparo. Amanhã continuo com as dicas e o jeito certo de preparar, assim como com receitas.