Os vinhos portugueses me fascinam. Muito por um misto de tradição e renovação. Tradição pelos vinhos do Porto e Madeira (aquele do molho madeira). Renovação que ocorre nas regiões do Douro, Alentejo, Bairrada. Um tanto pelos nomes engraçados das regiões e pelas suas uvas autóctones. Regiões como Ribatejo (acima do rio Tejo), Alentejo (Além do rio Tejo), Dão, Bucelas, Estremadura, Trás-os-montes, Terras do Sado arrancam um leve riso de quem lê a primeira vez. Outro tanto pela diversidade de uvas próprias, que impressionam pela quantidade, assim como seus nomes, no mínimo curiosos: Castelão, Afroucheiro, Baga, Antão Vaz, Rabo de Ovelha, Aragonês...
Uma das uvas que talvez seja o carro chefe de Portugal é a Touriga Nacional. Uva de sabores e aromas incríveis está presente a centenas de anos no corte dos vinhos do porto e nos últimos 10 anos vem chamando bastante a atenção devido sua utilização em vinhos de mesa, nesta revolução que Portugal tem empregado em seus vinhos.
As regiões de Portugal são muitas e, em geral, trazem vinhos distintos entre si. Regiões que mantém tradições centenárias como o vinho do Porto, Madeira e Moscatel de Setúbal perdem um pouco do seu brilho diante de verdadeiras pérolas criadas com a renovação de regiões como o Douro e Alentejo, que tiram ainda mais o foco de regiões que ainda precisam modernizar suas técnicas de vinificação como o Dão, Estremadura e Minho.
A Região do Ribatejo, destacada no mapa pelo número 8, apresenta um clima sub-mediterâneo temperado, bastante influenciado pela proximidade do rio Tejo. Seus vinhos brancos e tintos, são macios, aveludados e frutados e com bom corpo. Também vem aos poucos ganhando qualidade e prestígio, em especial os denominados "Vinhos de Quinta" (vinhos de produtor). E é desta região o vinho foco de hoje.
Eu não havia provado nenhum vinho desta região e posso dizer que me impressionou, não exatamente para o bem, mas impressionou. O Quinta da Lagoalva é um corte de Touriga Nacional e Castelão (nome da antiga uva Periquita) de grande potência que, apesar dos 5-6 anos de garrafa, mostrava a jovialidade de um vinho recém engarrafado. Esta característica somada a secura típica dos vinhos do velho mundo resultou em um certo desequilíbrio. Talvez mais uns 5 anos em garrafa o deixasse mais ameno.
Vinho: Quinta da Lagoalva
Casta(s): Castelão e Touriga Nacional
Safra: 2003
Produtor: Sociedade Agrícola Quinta da Lagoalva de Cima
Região: Ribatejo
País: Portugal
Valor: R$ 45,00 (Safra 2005)
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