Esta talvez seja o mito mais assumido como verdadeira, que na verdade não tão inverdade assim. Esta afirmação vem do tempo em que o conhecimento e, principalmente, a tecnologia não estavam a disposição do winemaker. Nesta época existia basicamente dois tipos de vinho: os comuns, vendidos em garrafão, e os grandes vinhos europeus.
Os comuns eram destinados aos glutões e beberrões, vinificados de forma duvidosa com uvas comuns e embalados para consumo imediato. Em alguns eram adicionados açúcar para que fossem melhor aceitos no palato.
Já os vinhos especiais ou grandes vinhos, principalmente franceses, eram privilégio para entendidos e abastados. Fabricados por processos seculares estabelecidos por pacientes e dedicados monges a partir de uvas selecionadas próprias para a vinificação, uvas estas produzidas em regiões de solo e clima privilegiado. Porém eram vinhos concentrados e com taninos duros, difíceis de beber ainda jovens e que melhoravam com um tempo de armazenagem, amaciando e/ou criando o buquet. Ainda hoje na borgonha e região de champagne na França possuem quilómetros de túneis subterrâneos para que os vinhos descansem em temperatura constante.
Porém os Estados Unidos despertaram para o vinho na década de 70 e uma verdadeira revolução no processo de fabricação do ocorreu: processo mecanizado, fermentação com temperatura controlada, seleção das melhores leveduras, filtragem, tratamento com madeira nova. E quase todo o “novo mundo” copiou esta fórmula e, assim, hoje em dia a maioria dos vinhos disponíveis a nós mortais já estão mais do que prontos para o consumo e tendem a não melhorarem com o passar do tempo. Em muitos casos, só pioram. Vinhos brancos comuns devem ser bebidos o mais jovem possível, para que mantenham seu frescor e aromas florais e/ou frutados. Alguns tintos ainda suportam alguns anos, mas não foram feitos e nem precisam de descanso. Quase todos os vinhos abaixo dos R$100,00 já estão prontos para consumo assim que chegam ao mercado, com taninos redondos e com uma certa doçura natural que tende a amaciá-lo. Os de rolha de plástico ou de aglomerado pouco aguentam em garrafa.
Agora se falarmos dos grandes vinhos franceses de Bordeaux e da Borgonha (inclusive brancos), da Toscana e Piemonte na Itália, Ribera del Duero na Espanha e Vinhos do Porto em Portugal, com certeza aguentarão bem o tempo, desde que corretamente armazenados. Alguns clássicos como os grand crus de Bordeaux; vinhos doces como os Sauternes da França; o mítico Vega Sicília Único na Espanha; os Vinhos do Porto tipo vintages ... todos seculares, que se mostram ainda jovens após 100 anos em garrafa.Vinhos incríveis que talvez, tal como os anciões, adquiram mais sabedoria a medida que envelhecem.
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